quarta-feira, 20 de novembro de 2019

domingo, 3 de novembro de 2019

Sete vezes te amei minha cidade

Sete vezes te amei minha cidade
Primeiro foi a sofreguidão das conquistas
Procurei os teus lugares mais óbvios
Os de que tinha ouvido falar
E visto em fotos de revistas.

Da segunda vez já fui reconhecendo
Os recantos os tranquilos lugares
Depois de percorrer as avenidas apressadas
Parando em pedaços de pele
Em cotovelos em praças
E passagens estreitas entre duas almofadas.

Das vezes seguintes já havia os lugares
Eleitos as paragens obrigatórias
As bebidas lentamente saboreadas
Como de pão para a boca.
E tu foste ficando cada vez
Menos estrangeira minha via sinuosa
Tão estendida à minha beira.

Das últimas vezes não esqueci
Os teus lugares eleitos, mas surpreendi
Rugas em monumentos repetidamente cartografados
Transformaste-te em urbe menos luminosa
E as sombras foram espalhando pequenos
Presságios no mapa já cheio de vincos manuseados.

Foi por isso que à sétima vez
Gravei tudo nas minhas objetivas instantâneas
Para depois minha cidade te erguer
Este monumento em miniatura
Que devotadamente coloquei numa prateleira
Junto a um livro de uma velha aventura.


                                      Paulo José Borges