Os romanos eram maliciosos.
Encheram a Europa de ruínas
Conjurados com o tempo.
Conjurados com o tempo.
Interessava-lhes o futuro,
Os traços mais do que as pegadas.
Os traços mais do que as pegadas.
Os romanos, Cassandra, eram manhosos.
Não imaginaram o Aqueduto de Segóvia
Como uma conduta de água e de luz.
Pensaram-no como vestígio,
Como um absorto passado.
Como uma conduta de água e de luz.
Pensaram-no como vestígio,
Como um absorto passado.
Semearam de edifícios musgosos a Europa,
De estátuas acéfalas
Engolidas pela glória de Roma.
De estátuas acéfalas
Engolidas pela glória de Roma.
Não fizeram o Coliseu
Para que os tigres devorassem
Por capricho seu os cristãos,
tão pouco apetecíveis,
Nem para ver trespassados
Como aperitivos do inferno
os exércitos de Espártaco.
Para que os tigres devorassem
Por capricho seu os cristãos,
tão pouco apetecíveis,
Nem para ver trespassados
Como aperitivos do inferno
os exércitos de Espártaco.
Pensaram a sua ruína, uma ruína proporcional
à sombra mordida pelo sol que agoniza.
à sombra mordida pelo sol que agoniza.
O meu amigo Dino Campana
Poderia ter saltado à jugular
De um dos seus deuses de mármore.
Poderia ter saltado à jugular
De um dos seus deuses de mármore.
Os romanos dão muito em que pensar.
Por exemplo,
Num cavalo de bronze
da Piazza Bianca.
No momento de o restaurar,
Ao assomarem à boca aberta,
Encontraram no ventre
esqueletos de pombas.
Num cavalo de bronze
da Piazza Bianca.
No momento de o restaurar,
Ao assomarem à boca aberta,
Encontraram no ventre
esqueletos de pombas.
Como o teu amor,
Que se torna ruína
Quando mais o construo.
Que se torna ruína
Quando mais o construo.
O tempo é romano.
de Juan Manuel Roca traduzido por Nuno Júdice in http://bibliotecariodebabel.com/
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