domingo, 8 de janeiro de 2017

Poema da luz

«...já reparaste como as pessoas olham para nós? É porque temos uma luz.»
A Terceira Rosa, Manuel Alegre.

Por muito que me custe admitir, confessar?, já te vejo ao longe,
Beijo-te muito ao longe.
Já me impeli a partir e os passos não me tropeçam tanto.
Já te vejo, acredita, já te vejo pequenina, recém-crescida,
A sorrires com os teus melhores abraços.

Subo mais alto, uso a palma da mão para que a luz não me cegue, e estou
Cada vez mais certo: vens em missão, salvar-me com vento, despentear-me todo
E fazeres-te toda unguento.

Os meus olhos não me mentem, até porque agora os mantenho fechados,
Como noiva a duvidar até ao último momento,
E os meus átomos já se alinham todos cavalheiros,
Segurando a porta que trouxeste contigo.


                                                                                 Paulo José Borges

                desenho de Rui Cavaleiro
ouça aqui

4 comentários:

  1. Dos que li, o mais bonito que escreveu Finalmente esperança Este vou querer dizê-lo Publique-o com imagens Vai ficar lindo

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  2. Quel poème original et fort, touchant, un mouvement comme le balancier de l'équilibriste , aérien et léger, lumineux comme le dessin

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